Língua Afiada

Glamour passou longe no concurso ‘Miss Glamour 2012’

É bom começar a coluna ressaltando a importância de eventos que movimentam a cidade. Seja ele qual for, o esforço para colocá-lo em prática merece nossos aplausos. Depois da premiação da Revista S! fui incumbida para ver o concurso Miss Glamour 2012, produzido por Carlos Salazar. Quis ficar bem isenta para não fazer comparações com os shows vistos na premiação. Entrei de cabeça no mundo, que falaram que tinha, de glamour. Esse quesito passou bem longe. Faltou molho, sal, alho, cebola, Sazon, caldo Knorr, Maggi... Argh! Estava insosso demais! Mas como disse anteriormente, valeu o esforço. Vamos ao que interessa que é o show.

Apresentadores
Meime dos Brilhos e Patrícia Saint Laurent apresentaram o evento e foram básicas. Com medo de arriscar, as duas fizeram o feijão com arroz e o café com leite.  Não comprometeram o concurso com suas falas.

Show
A abertura não poderia ter sido mais chata e enfadonha. Se a proposta era de homenagear e etnia negra que fizesse com toda pompa e circunstância. O que aconteceu foi uma entrada fria e com uma artista declamando. Que coisa chata. Cadê o glamour da raça negra? Faltou a ginga e a efervescência do negro. Confesso que quase dormi no início do show. Estava nítido que o espetáculo não tinha uma direção precisa. Não vamos confundir produção com direção. Vamos adiante.

Veio a primeira parte do show. Até agora estou perguntando quem foi a figurinista do evento. Estava um horror. Nem na Rua da Alfândega encontraria nada pior do que foi visto. A figurinista esqueceu que a festa era glamour e não de mau gosto. O que era a roupinha de Zanny? Bem, ela estava vestida de melindrosa preta e amarela e uma horrenda sandália brocal vermelha. O que era aquilo? Triste de se ver. Oscilou entre altos e baixos nas suas apresentações. Ficou mais no baixo. Botaram a menina para fazer um mambo. Aí, não teve salvação. Ela escorregou feio. Não conseguiu pegar a essência da música. Colocou uma peruca que parecia o Pica Pau que não tinha nada com o contexto do espetáculo. Foi de chorar no Cruzeiro das Almas. Detalhe: estava com a meia furada. Ficou realmente muito feio.

Que saudade de Shanna Summer
Os bailarinos montaram o básico e entra Desirée que fez um show ‘marcadinho’. Ficou  nítido que estava com medo de errar. Mesmo não errando, foi frio. Era melhor ter assumido que não estava preparada para aquele papel. E foi adiante em outro show. Ela aparece com um vestidinho “Mamãe vou ao supermercado” fazendo a diva da música Donna Summer. Detalhe: estava de peruca loura blonde. Desiree com certeza vai falar que se tivesse colocado a peruca preta todos os presentes iriam associar com a cantora Cher. Mas é impossível minha querida. Donna Summer tem uma voz e performance inconfundíveis. Infelizmente, não conseguiu passar nada que a música tem de maravilhosa. Melhorou um pouco com a entrada do bailarino Jhonathan, porém ficou longe de um número glamouroso. Por respeito e anos de carreira, o público aplaudiu. 

Ainda não acabou. Veio mais um número com as duas. Dessa vez a coreografia era baseada num filme indiano, mas... Derrapou feio na caracterização. Não existe mulher loura ou de cabelo estilo Pica Pau em cena. As minhas queridas Desirée e Zanny poderiam ter mais esmero em se caracterizar com cabelos semelhantes ao que é proposto. Nesse caso, era um filme. Não houve capricho na direção do espetáculo e as duas artistas embarcaram numa boa canoa furada.

Sem mais nem menos entraram em cena os belíssimos Frazão, Anderson Meteoro e Rodrigo Colossus. Mesmo não estando no contexto do show, deram um colírio para os meus olhos com seus corpos de deuses gregos.

Mais um equívoco da produção e direção. Finalizaram o espetáculo com “Hair Spray”. Detalhe: com 40 minutos de duração. Esse número já deu o que tinha que dar e foi longo, cansativo. Os artistas desse especial não tiveram culpa. O público respondeu friamente ao show saindo aos poucos para pegar um ar, ir ao banheiro ou ir embora. Não resisti e fui embora. Sei que a montagem de “Hair Spray” é boa, mas não era para aquele momento e, principalmente para fechar o espetáculo.  

Mas foi ruim de engolir o que estava em cena nesse concurso. A produção tinha que ter visto tudo antes. Faltou glamour nos figurinos. Enfim, a casa ficou cheia e houve protesto em relação ao resultado final das candidatas, mas isso faz parte. O produtor Carlos Salazar vai ficar com créditos, pois foi a sua primeira grande festa. Esperamos sinceramente que o próximo venha literalmente com um bom show tendo a palavra que intitula o evento: glamour. Ficou faltando. 

Papa G
Fica aqui os aplausos de reconhecimento para a direção da boate em não ter medo de colocar em cena artistas não muito conhecidos do grande público numa noite de quarta-feira, dia em que boate está totalmente lotada. Estou falando do grupo que se apresentou no hall do Teatro João Caetano antes da premiação da Revista S!. A proposta do show bolado por Alexandre Azevedo é homenagear os artistas da noite LGBT como Andrea Gasparelly, Lorna Washington, Laura de Vison e o saudoso Erik Barreto. Claro, que nunca vai chegar à perfeição, e talvez não seja nem esse o intuito. O fato de estarem relembrando os artistas de outra geração vale qualquer ingresso. Algumas ainda precisam de fôlego para dar continuidade na carreira. Sei que é difícil, mas não é impossível.  Espero que a boate continue acreditando nessa linha que é de quebrar barreiras. Deveria ser seguida por todas. Parabéns! 

Até
Por motivos profissionais vou ter que me ausentar por um tempo da coluna. Caso não ocorra o meu compromisso estarei de volta com todo gás. Mas fiquem certos que as minhas corujinhas estão rodando e olhando tudo. No próximo mês, dou uma posição concreta sobre esse assunto. Para os fofoqueiros de plantão: não estou sofrendo pressão, não briguei com meu editor, não criei problemas com os clientes da revista, não briguei com nenhum artista e estou em paz. Torçam por mim nesse novo compromisso. Se é que vai acontecer.
" Para criar inimigos não é necessário declarar guerra, basta dizer o que você pensa". Martin Luther king
Até breve!

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