Veneno da Suzy



Jaqueline Uschoa

Olá maravilhosas amigas homossexuais. Estou feliz porque adoro o mês de junho, sou louca por festas juninas. Subo como ninguém no pau de sebo, amo distribuir o meu cuscuz e liberar os cajuzinhos. Fogos então, nem se fala. Adoro cabeção de negro, pegar na cobrinha, segurar no rojão e deixar minha rodinha saindo faísca. Não posso me esquecer do tradicional salsichão. Estou sempre com um na boca. Bem, quero aproveitar esse espaço para agradecer a oportunidade maravilhosa que me foi dada por Orlando Almeida de apresentar o concurso Miss Rio de Janeiro na quadra da escola de samba Unidos da Tijuca. Meime dos Brilhos, veterana na apresentação do evento, me deu a maior bola e me deixou super a vontade. Quero dizer para as cobras de plantão que posso brincar com a Meime com muita liberdade, pois somos amigas e temos intimidade. E, ao contrário do que algumas fofoqueiras tentaram insinuar, não existiu uma competição entre a gente, apenas temos estilos diferentes e talvez por isso a dupla tenha dado muito certo: uma é uma cacura fina e a outra uma caricata bêbada. Se bem que a cacura também é pinguça.
Mas vamos ao foco da nossa coluna: a entrevistada. Ela vem rompendo tabus com o seu talento. Praticamente desmistificando o rótulo que travesti só pode fazer prostituição. Ela é jovem, muito divertida, loiríssima e canta muito. Estou falando de Jaqueline Uschoa, a revelação do troféu Revista S!

Suzy: Com quantos anos você começou a cantar?
Jaqueline: Com 15 anos comecei a fazer curso de canto lírico. Com 18 já fazia parte do coro do Teatro Municipal do Rio de janeiro. Participei da ópera Danilo.
Suzy: Aceitavam travesti no coro?
Jaqueline: Na época eu era um menino. Usava cabelo arrepiadinho, era “boyzinho”.
Comentário: Realmente é maravilhoso. Estou me sentindo dentro do filme “X-man Evolution”. Com quantos anos você descobriu seus poderes mutantes? Quando foi que você deixou de ser Wolverine e se tornou a Mística?
Jaqueline: Foi com 27 anos. Mas querida, estou mais para Jean Gray do que para Mística.
Comentário: Falei Mística porque ela é estranha. Tem a pele azul e cheia de escamas.
Jaqueline: Ai Fera, você é muito divertida.
Suzy: Quando foi que você começou a cantar para o público gay?
Jaqueline: Com vinte anos comecei a me apresentar no programa do Raul Gil. Cantei lá durante cinco meses. Fazia um estilo “ópera pop”. As meninas da plateia gritavam quando eu entrava.
Comentário: Boiola! Boiola! Boiola! Queima rosca! Passiva! Nossa que carinho das fãs. Imagino a felicidade do cacura Raul Gil, totalmente evangélico, te apresentando. Deve ter colocado seu nome na fogueira de Israel.
Jaqueline: Você está enganada, Suzy. As meninas gritavam: lindo, tesão, bonito e gostosão.
: ComentárioEu queria que o Raul Gil te visse hoje. Ele te afogaria em uma banheira de óleo ungido. Se bem que, analisando os cantores que já passaram pelo programa, acho que o Raul Gil poderia abrir uma casa gay com sucesso. Ele teria público garantido. Mas vamos, continue sua trajetória.
Jaqueline: Quando saí do Raul Gil, voltei para as óperas e também comecei a cantar em casamentos, missas, em vários eventos.
Suzy: Missas?! Você disse missas? Já imagino a cena. O padre, os coroinhas, o coro e Jaqueline Uchoa cantando e jogando cabelo. Perigoso devia ser na hora da água benta. Travesti é igual Gremlin. Se molhar, se reproduz.
Jaqueline: Cantei em várias missas e casamentos, mas na época não era travesti.
Suzy: E quando foi que você se transformou? Quando começou a cantar na noite?
Jaqueline: Então, com 25 anos comecei a me transformar e pensei: como cantaria ópera com aparência de mulher? Resolvi largar tudo.
Comentário: Indo para o Japão. Lá os castrados faziam papéis femininos. Eles passavam batidos como mulher.
Jaqueline: Com 27 anos eu já era travesti. Um dia fazendo hostess no Club Mix, o dono da casa me ouviu cantarolar uma música da Lady Gaga e me convidou para cantar em uma das festas da casa. A partir daí fiquei fixa.
Comentário: O bom é que no Club Mix você pode cantar no microfone da casa, no microfone dos clientes e sair de lá com o auto falante estourado.
Jaqueline: Também fui convidada pelo Claudio, para me apresentar nas festas Suburbian. Depois surgiu Moisés, dono do bar Sinônimo, que abriu as portas da sua casa, onde canto todas as sextas-feiras.
Comentário: Realmente o Moisés é uma pessoa muito aberta, tem uma largura incrível. Ele também escancarou as portas para mim. Então resumindo, hoje você se apresenta onde?
Jaqueline: No Club Mix, às sextas no Sinônimo e aos sábados na 1140. Também uma vez por mês no Galeria Café.
Suzy: Quais são seus planos para o futuro?
Jaqueline: Quero fazer uma música e produzir um clip.
Comentário: Você vai conseguir. Até as empreguetes conseguiram. Cara de empregada você já tem, mora mal. Só falta o produtor.
Suzy: Você já fez outra coisa sem ser cantar?
Jaqueline: Tentei ser cabeleireira. Cheguei a fazer curso na Embeleze, mas não deu certo.
Suzy: Você é sensual. Devia tentar o ramo da prostituição. Não! Melhor não! Do jeito que você é viciosa, ia atender a todos de graça.
Jaqueline: Eu tentei. Fiquei um mês na rua Augusto Severo, mas foi frustrante.
Suzy: Por quê? Só pegava mala pequena? Elas tinham savi? Você engasgava na hora de gargoflexiar?
Jaqueline: Fiz programa por necessidade, mas não gostava. Sempre fui artista.
Comentário: Eu sou artista circense. Gosto de engolir espadas, gosto de ser levantada pela tromba do elefante, de ser chicoteada pelo domador. Adoro ser serrada, fico louca quando os bofes me partem ao meio. E falando em bofes, você chegou a se apaixonar por algum?
Jaqueline: Não. Fiz poucos programas, não deu nem tempo. Lembro que os clientes diziam que eu não tinha jeito de puta.
Comentário: Eles estavam bêbados? Achavam que você era uma irmã carmelita descalça ou a trava Tereza de Calcutá? Faça-me o favor. Você tem cara de quenga.
Jaqueline: Tenho cara de cantora. Meu ramo é a música e decidi me dedicar de corpo e alma.
Suzy: Em quais cantoras você se inspira?
Jaqueline- Whitney Houston e Amy Winehouse.
Comentário: Nossa! Só as possuídas por drogas.
Jaqueline: Também gosto da Lorena Simpson.
Comentário: Eu adoro o Bart, a Lisa, o Hommer. Gosto de todos do desenho. E ídolos na noite gay, você tem?
Jaqueline: Você.
Comentário: Realmente minha voz é linda. Adoro cantar “Quenda” e “Poderosa”.
Jaqueline: Adoro Suzy Brasil, Desirée e Rogéria.
Suzy: Você sofre muito preconceito por ser uma cantora travesti? Ih! Olha o preconceito aí. Você é cantora, não importa se é heterossexual ou travesti.
Jaqueline: Quando eu cantava para os heteros, sim. No meio gay, não. Fico feliz, pois os gays são exigentes e curtem meu trabalho.
Comentário: Acho que você deveria romper a barreira do preconceito e cantar uma música da Lady Gaga dentro do São Januário, com a camisa do flamengo, no meio da torcida do Vasco ou ir a um encontro de carecas em São Paulo, todos eles com lâmpadas fluorescentes na mão, cantar uma música do Iron Maiden. Se quiser ir, te mando as passagens. Mas vamos agora falar de família. Sua transformação foi muito rápida. Como as pessoas reagiram na sua casa?
Jaqueline: Lá em casa todos aceitaram muito bem. Minha mãe não me aceitava como gay e agora que sou travesti me dá todo apoio. No início do processo ela tinha medo que eu fosse agredida na rua.
Comentário: Realmente a fase inicial da mutação assusta. O biquinho do peito gritando por causa do hormônio, quase fura os olhos das cacuras na rua. Algumas não se maquiam porque se acham muito femininas e o chuchu grita, fica no mundo. Você é alta, devia parecer um boneco de Olinda.
Jaqueline: É ruim, meu amor. Sempre fui gostosa.
Comentário: Em Bangu os bofes comem de tudo. Lá, Claudia Pantera é chamada de Taís Araujo e Luiza Gasparelli é a Maysa do Carrossel.
Jaqueline: Você é feia, por isso tem recalque.
Suzy: Como foi para você ganhar o prêmio da Revista S! de revelação?
Jaqueline: Foi minha maior vitória até agora. O melhor é saber que fui escolhida pelo voto do público, que o meio gay me premiou. Foi o reconhecimento de um trabalho que já faço há muito tempo.
Comentário: Vou te dar uma dica: derreta o troféu e faça um cordão para você ou se um dia estiver com dívidas, venda para o torneio de futebol do seu bairro. Dá para ganhar um aquezinho.
Jaqueline: Tá louca, bicha?
Suzy: Para finalizar, deixe um recadinho para nossos leitores.
Jaqueline: Estou me atualizando, tentando variar ritmos e inserindo coreografias porque vocês merecem o melhor. Insista, persista, não desista. Nunca abra mão dos seus sonhos.
Comentário: Que lindo. Tão Xuxa no filme “Lua de Cristal”. Você também sofreu violência na infância?
     

5 comentários:

  1. Que linda essa postagem Suzy!
    Não existe Retiro das Drag´s,mas vcs são artistas!
    Nunca tive o prazer de conhecer mesmo Rose Bombom,mas já vi seus shows que são tudo!
    Como conheço a Mikaella bem ,posso dizer que se ela ficar boa rapidinho,Mikaella sobe a Igreja da Penha batendo cabelo com Mapoá!(eu!)
    muito força,muito axé,muita luz para a Rose!

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  2. Rose estou na torcida pra sua volta.Os palcos merecem ter voce de volta.

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  3. Rose voltar...!!!For no palco espiritual rsrs... Entrevista muita hilária.Adorei!!!

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  4. fervida da penha, vizinha safadinha!!!!!! rsrs
    sempre arrasando no bom humor e na informação.
    Dilmna vai nomear suzy brasil a ministra da quendação e ainda terá que supervisionar as obras do pac em manguinhos !! rsrsrs

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  5. Acho Digno Atualizarem o Blog ! vou sou visitante poxa to sempre por aqui rs

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